Um papo com José Duarte, SAP América Latina
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Um papo com José Duarte, SAP América Latina

José Duarte tem fama de durão. Nada enlouquecedor como Steve Ballmer, meu modelo favorito de neurose corporativa que consegue criar um ambiente de proteção e pessoas preocupadas em torno dele que a apreensão toma o ambiente. Mas com Duarte, presidente e diretor geral da SAP América Latina, a coisa é um pouco diferente. Há preocupação, sim. Os jornalistas brasileiros têm fama de inquisidores, diferentes dos amigos latino-americanos (muitos deles chegados mais í s compras que ao trabalho propriamente dito, mas isso é outra história).Estou no Panamá, a lí­ngua oficial do evento é o portunhol e um pouco de inglês para os poucos não-latinos presentes no SAP Partner Summit 2007. Quase 40% das 500 pessoas que estão aqui vieram do Brasil. O resto vem da América Latina. E Duarte fala português, ainda que com sotaque de Portugal, então fica mais fácil quebrar o gelo.

Divido a mesa com colegas brasileiros de publicações corporativas. Todos querem números, números, números. Sim, mesmo em porcentagens as informações de crescimento da SAP na região, e especificamente no Brasil, são enormes. Fala-se em crescimento de 189% na receita de um ano em relação ao anterior. Em uma empresa de software corporativo que cresce, triplica em pouco tempo, e pretende triplicar na região novamente em poucos anos. Que quer mais e mais profissionais capacitados para lidar com seu produto (são mais de 150 aplicações distintas oferecidas pela SAP, destinados a pequenas, médias e grandes empresas). E que briga no mercado mundial com concorrentes ferozes e especializados em cada paí­s distinto, o Brasil não é exceção, a turma da Datasul e seu ERP que o digam.

O crescimento entre os grandes clientes não vem mais dos produtos de ERP, mas dos demais que o complementam. “O desafio é agregar ao cliente novas soluções”, conta. Mas hoje no Brasil o que mais cresce são os negócios voltados aos pequenos e médios negócios, com todos os mitos SAP (é caro, rí­gido, complexo) a se tentar derrubar. “No Brasil, a globalização oferece escala, dimensão í s empresas. Tecnologia hoje é fator de competitividade. E o fato de a SAP ser um player global ajuda a favor das empresas”, diz. Na mesma lógica, empresas globais – pequenas ou grandes – que não pensarem no Brasil como estratégia “perderam um continente”, nas palavras de Duarte.

A fama de durão de Duarte tem explicação. Ele tem que comandar, com mão de ferro, o crescimento feroz da SAP na região da América Latina. “Como o ano anterior foi bom, nossas metas são muito ambiciosas, difí­ceis de atingir, para o ano seguinte”. O processo de mudanças fez com que o presidente da SAP Brasil fosse para outro posto na América Latina, e viesse um novo, com outro perfil complementar. Do grande vendedor para clientes gigantes para outro que consegue contemplar esse mercado e também o tão desejado SMB. “Isso é reforçar o management”, diz, misturando o inglês com o português. OK, Duarte, business são assim mesmo.

Outra questão que assombra a SAP é a falta de consultores especializados no tema. Para combater isso e prevenir a falta de gente no futuro próximo, vem um programa chamado SAP Professionals. Já foram 3.000 treinados na América Latina, mais 3.000 estão a caminho, e o número deve passar os 10 mil até o fim de 2008. “Tem que investir em capital humano para atingir a liderança. Sem o programa de profissionais hoje, terí­amos um problema sério em um ano e meio ou dois. Precisamos de gente para servir aos novos clientes”, conclui Duarte. Sem isso, não tem empresa que sobreviva, seja ela pequena ou grande, certo?

Escrito por
Henrique Martin
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