5 minutos com Smith’s Lowdown Focus Mpowered by Muse
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5 minutos com Smith’s Lowdown Focus Mpowered by Muse

O conceito de óculos inteligentes é complicado, com a maioria dos projetos – Google Glass e Snaptacles que o digam – envolvendo câmeras invasivas e design de gosto duvidoso.

Mas e se seus óculos fizessem algo além de tirar fotos/vídeos de qualidade e procedência duvidosas, como ajudar a ter foco em alguma atividade, sem parecer que você é um hipster sem noção da moda?

Essa é a ideia do Smith’s Lowdown Focus Mpowered by Muse, que será lançado no segundo semestre. Vi uma demonstração de um protótipo na semana passada e fiquei bem impressionado com o conceito de treinamento cognitivo proposto pelo aparelho.

O modelo utiliza a plataforma tecnológica desenvolvida pela italiana Safilo (dona da marcas Smith, Polaroid e Carrera, entre outras) como um par de óculos escuros tradicional. O “Mpowered by Muse” do nome se deve à parceria da Safilo com a InteraXon que desenvolve hardware e apps de meditação/foco e tem uma faixa de cabeça chamada Muse Headband.

Um monte de sensores, bateria e um transmissor Bluetooth, porém, o conectam a um app, e aí que a coisa muda de figura.

Nota do autor: meditação aqui se refere ao processo de “mindfulness” ou “atenção plena”, para você encontrar seu foco, ouvir sua mente, pensar em você mesmo, sem finalidades religiosas/espirituais.

Práticas de mindfulness envolvem simples e puro silêncio ou contam com o auxílio de aplicativos, como o Headspace (de meditação) ou o Hello Mind (de hipnose; eu uso e é muito interessante).  Ambos são pagos e relativamente caros, por sinal. 

Eu vi a Muse Headband em um dos eventos para imprensa da CES, no começo do ano, e testei o dispositivo (na bagunça do evento, não deu para avaliar direito, nem lembrava qual era seu nome):

https://www.instagram.com/p/BO3nl2zlVR8/?taken-by=ztop

Na prática, são óculos da Safilo integrados à tecnologia da InteraXon. E é menos invasivo/ridículo que a faixa de cabeça, que tem os mesmos sensores de forma esteticamente mais agradável.

Os sensores instalados na armação e hastes são:

  • UV (UVA e UVB)
  • Pressão
  • Temperatura
  • Acelerômetro
  • Giroscópio
  • Magnetômetro (de 3 eixos)
  • Eletromiógrafo (que mede atividade elétrica nos músculos)
  • Eletroculografia (EOG, eletrodos que medem o movimento ocular)
  • Eletroencefalograma (EEG, eletrodos que medem atividade elétrica no cérebro)

Por sorte, um dos protótipos em demonstração tinha armação transparente, permitindo ver como estão dispostos os sensores pelos óculos.

Os principais sensores estão na haste direita (junto com o conector de recarga de bateria):

E a bateria, na haste esquerda:

Nas pontas das hastes e no apoio de nariz – exatamente onde encostam na cabeça – estão os sensores de atividade cerebral:

O produto final, muito mais amigável, é este aqui, com armação em preto ou branco e diversas opções de lentes:

A pergunta do milhão: o que diabos você faz com um dispositivo vestível e de nome comprido (Smith’s Lowdown Focus Mpowered by Muse). Sem o app, nada. A parte “funcional” dos óculos só funciona conectada ao aplicativo no smartphone (iOS ou Android). E você precisa de fones de ouvido.

Por enquanto o app dos óculos não está finalizado – tem apenas a fase de treinamento e um exercício por enquanto, mas acredito que será bem parecido com o da Muse. Coloquei os óculos, abri o app e fiz o treinamento, para calibrar o dispositivo de olhos fechados.

Logo depois, a primeira sessão começou (de dois minutos apenas). De olhos fechados ainda, o som do mar batendo na areia acalma, e uma voz direciona para você se preocupar somente com a respiração profunda – exemplo clássico de meditação/mindfulness, sem fins religiosos/espirituais. Pelo que entendi, caso você “saia da zona de foco”, o som de uma tempestade no mar se torna mais forte.

Depois do final, abri os olhos e este foi meu resultado. Fiquei a maior parte do tempo na “zona neutra” (não me distraí, mas não foquei o suficiente na respiração – afinal, estava numa sala de reuniões com gente desconhecida olhando pra mim), tive dois picos de cérebro “ativo” muito rápidos e passei 29 segundos em foco completo – quase 25% do tempo, o que é razoável.

Tive “zero” birds no processo: é uma pegadinha do sistema para tentar te tirar do foco ao reproduzir pios se estiver muito concentrado. Segundo Nicola Belli, diretor de inovação da Safilo, o app terá sessões de 2, 5, 7, 10 e até 20 minutos de duração.

E, claro, desligando o app, os óculos voltam a ser simples óculos, prontos para usar como acessórios elegantes no dia a dia.

Para quem esse tipo de produto é indicado?

Na verdade, qualquer pessoa pode usar esses óculos para ampliar sua atenção. Claro que atletas são um público-alvo inicial, mas o céu é o limite.

Algo muito interessante é que o SDK do aplicativo será aberto para qualquer desenvolvedor, abrindo um espectro de apps futuras muito interessante – seja para uso de meditação na medicina cerebral para recuperação de traumas pós-guerra, seja para um estudante se preparar melhor para uma prova. Ou um jornalista tentando fugir da procrastinação causada pelas redes sociais.

Smith’s Lowdown Focus Mpowered by Muse tem previsão de início de vendas em outubro nos Estados Unidos, por um valor sugerido de US$ 350. Deve chegar na sequência à Europa e a Safilo ainda estuda seu lançamento no Brasil.

[Safilo X]

 

 

Escrito por
Henrique Martin
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