
SSD da Western Digital rompe a barreira psicológica de 1 TB, combinando alta capacidade e alto desempenho em um único produto.
Em meados de 2009 a Western Digital anunciou a compra da Silicon Systems Inc. o que foi um divisor de águas para a empresa já que ela deixava de ser uma “fabricante de discos rígidos” para se tornar uma “empresa de soluções de armazenamento” o que abriu as portas para todo um novo universo de produtos e serviços baseados em armazenamento.
Dessa união nasceu a WD Solid-State Storage que hoje oferece diversas opções de discos SSD híbridos ou SSD “puros” sendo que este último está disponível tanto no tradicional formato de disco de 2,5″ quanto no padrão m.2:
Interessante notar que essa linha de discos SSD segue a mesma estratégia dos HDDs de usar um código de cores diferenciar seus modelos de acordo com seu perfil de uso/público alvo, sendo que no caso dos SSDs a empresa oferece modelos voltados para sistemas de baixo consumo (WD Green), alto desempenho (WD Black) e, é claro uma linha de uso mais geral o WD Blue, sendo que recebemos este último para testes aqui na Zumo-caverna:
Mas antes de irmos adiante nesta análise…
Ztop in a Box: O que é o WD Blue 3D NAND SATA?
No fim de maio de 2017, a Western Digital anunciou um novo disco WD Blue e Sandisk Ultra equipados com um novo tipo de memória com tecnologia 3D NAND de 64 camadas que…
…segundo a empresa (e a boa e velha Lei de Moore), permitirá o desenvolvimento de novos SSDs com melhor desempenho e menor consumo de energia.
A impressão que passa nesse anúncio, é que ele o novo WD Blue 3D NAND é um produto mais veloz e que consumiria menos que o atual WD Blue — porém — quão veloz e econômico seria esse novo WD Blue se comparado com as linhas WD Black em desempenho ou WD Green em consumo?
Para responder a essas dúvidas, demos uma olhadas nas especificações técnicas de cada produto e montamos a tabela abaixo. Observe que procuramos comparar modelos de mesma capacidade porque algumas características de desempenho/consumo podem variar de acordo com da capacidade.
*MTTF = Tempo Médio Até Falha baseado em testes internos usando o teste de peça de stress Telcordia
O que esses números mostram é que o novo WD Blue 3D NAND é realmente melhor que o atual WD Blue de linha, mas ele não é páreo para o WD Black em desempenho. Já em consumo de energia, ele também chega a ser mais econômico que o WD Blue mas não tanto quanto o WD Green.
O curioso é que tanto a garantia (3 anos) quanto MTTF de todos os discos é praticamente o mesmo, o que indica que a WD não abre mão da qualidade quando o assunto é confiabilidade dos seus produtos.
Interessante observar que a empresa também lançou o Sandisk Ultra 3D SSD voltada para atender especificamente o mercado de gamers e geradores de conteúdo.
Mas voltando ao que interessa, como já dissemos, o WD Blue PC SSD (modelo WDS100T1B0A) é um disco SSD de linha voltado para uso geral e/ou o que a empresa chama de “computação do dia a dia”, ou seja, trata-se de um produto intermediário cujo principal atrativo é sua boa relação custo benefício.
De fato, o que nos chamou a atenção desse produto é que ele é o primeiro SSD que testamos aqui pela Zumo-caverna que rompeu a barreira psicológica de 1 TB o que faz dele uma “solução única” muito atrativa para entusiastas e integradores que, até hoje, optaram por trabalhar com dois discos — ou seja — um SSD de menor capacidade para ser usado como disco de boot e de sistema junto com um HDD convencional mais voltado para armazenar dados.
O curioso é que essa solução é mencionada na embalagem desse produto:
Como era de se esperar de um produto mais voltado para integradores profissionais e amadores, o conteúdo da caixa se limita ao SSD propriamente dito que vem dentro de uma bandeja aberta…
… dentro de um saquinho anti-estático. Nada de acessórios adicionais, pacote de software e coisas do tipo:
Suas dimensões físicas e pontos de fixação são as mesmas de um HDD de 2,5″ com espessura de ~7 mm…
… sendo compatível com a interface padrão SATA 2 de Gb/s:
Com relação ao seu nível de resistência e confiabilidade, o WD Blue SSD de 1 TB tem um MTTF (Tempo Médio até Falha) de 1,75 milhões de horas e um TBW (Terabytes Gravados) de 400 TB que seria é uma medida de carga de trabalho normalizado pelo JEDEC (JESD219A) que define quantos terabytes de informação é possível gravar em um SSD antes que ele caduque.
Porém, essa unidade é meio marota, já que o bom senso nos diz que discos de maior capacidade tendem a ter um maior TBW devido a sua “maior capacidade” (duh!) se comparado a um disco de menor capacidade e, de fato, o TBW da versão de 500 GB é de 200 TB, o de 250 GB apenas 100 TB.
Assim, isso faz com que essa escala funcione bem para comparar discos de mesma capacidade, mas nem tanto entre discos de diferentes. Já sua faixa de temperatura de trabalho varia de 0°C a 70°C.
Fora isso, o WD Blue SSD conta com recursos como algoritmos de ECC (Error Correction Coding) que evitam os chamados bit errors em aplicações de missão crítica e uma tecnologia proprietária que utiliza uma combinação de hardware e firmware que protege a integridade dos dados mesmo que ocorra uma falta de energia.
O WD Blue SSD também suporta comandos TRIM, ATA S.M.A.R.T. mas não incorpora protocolos de segurança como SED, Windows eDrive ou TCG Opal 2.0.
Apesar da apresentação do produto ser bem espartana, a empresa oferece alguns aplicativos e utilitários bem interessantes na página de suporte do produto, como o Acronis True Image WD Edition…
… que oferece algumas ferramentas essenciais que ajudam o usuário a adicionar um novo disco no computador…
… ou migrar o conteúdo do atual disco de sistema (SO + programas) para o novo SSD da maneira mais simples, direta e menos traumática possível:
Outra ferramenta bem interessante é o WD SSD Dashboard que seria um painel de controle que permite monitorar o desempenho geral do disco e realizar outras tarefas como por exemplo, atualizar seu firmware dentro do Windows, sendo necessário apenas dar um reboot depois da operação realizada.
Sob Testes:
Por ser um disco da série Blue, fica muito claro que não devemos esperar muito desse SSD da WD em termos de desempenho, mas ao mesmo tempo, é sabido que um SSD costuma ser bem (ou muuito) mais veloz que um HDD de linha.
Para termos uma idéia de grandeza e de comparação, nós colocamos lado a lado os resultados de desempenho do WD Blue com outro SSD de linha o SSDNow V300 da Kingston de 240 GB e o HDD Seagate Barracuda de 2TB. Os resultados obtidos com o HD Tune Pro 4.01 (opção Benchmark) foram os seguintes:
E aqui os resultados no teste de Random Access em IOPS / Tempo de acesso médio / Velocidade Média:
O que esses números mostram, é que o desempenho do WD Blue pode ser considerado modesto para um SSD, mas ele ainda é muito mais veloz do que um HDD de linha.
Esse mesmo comportamento também foi observado no CrystalDiskMark 3.0.3:



Nossas conclusões:
Como dissemos várias vezes neste review, até o fabricante deixa claro que o WD Blue SSD não é um produto voltado para desempenho e, para isso ela ofecere os SSDs WD Black e mais recentemente os Sandisk Ultra.
Mesmo assim, graças a tecnologia utilizada, o WD Blue SSD é muito mais veloz do que um HDD de linha, o que faz dele uma opção muito interessante para aqueles que precisam combinar uma grande capacidade de armazenamento e alto desempenho em um único disco, uma qualidade por sinal que os discos híbridos sempre propagandeou mas que, no fundo, nunca nos conveceu.
Sob esse ponto de vista, o desempenho modesto do WD Blue SSD de 1 TB pode até ser perdoado porque — em termos práticos — ele não deixa de ser um produto honesto que realmente faz o que promete.
Porém, até o fechamento desse post ainda não tivemos um retorno da WD sobre o seu preço sugerido no Brasil, mas se levarmos em consideração alguns concorrentes locais estão vendendo seus SSDs de 1 TB a bagatela de R$ 2.500 nosso palpite é que o WD Blue SSD não fuja muito disso, daí nossa recomendação com reservas (*):
Resumo: Western Digital Blue PC SSD de 1 TB (WDS100T1B0A)
O que é isso? Disco SSD de 2,5″ de alta capacidade.
O que é legal? Ótima combinação de capacidade de armazenamento e desempenho. Fácil instalação e uso.
O que é imoral? Desempenho modesto se comparado com outros SSDs.
O que mais? Também disponível nas versões de 256 GB e 512 GB e no padrão m.2.
Avaliação: 8,5 (de 10). Entenda nosso novo sistema de avaliação.
Preço sugerido: Não divulgado (daí nossa recomendação com reservas)
Onde encontrar: https://www.wdc.com/pt-br
Os ganhos não foram tão significativos, mas é ver para crer se, contrariando as tendências dos analistas, os discos de estado sólido com essa nova tecnologia vão ter preços mais acessíveis.
Em tempo: Adquiri um WD Green recentemente justamente pela questão da garantia de 3 anos a partir do número de série. O desempenho é similar ao do meu Kingston V400, mas achei a qualidade de construção bem mais pobre, tanto no material de acabamento quanto na fixação da unidade no case (o wd parece que não está 100% preso na case e faz alguns barulhos com movimentos menos suaves), coisas perceptíveis apenas ao manusear antes de instalar de fato. Ficou essa impressão similar a que descrevi no produto recebido para análise ou eu dei azar mesmo?
Com relação a queda de preços do 3D NAND, segundo o EE Times:
For Western Digital, 64-layer 3D NAND is now cheaper than its best 2D NAND. “Not everyone has got there yet, but everyone is getting there pretty quickly,” Sivaram said.Western Digital did do some limited production of 48-layer 3D NAND for the retail segment, but it wasn’t a full-fledged node for the company, he said, and 32-layer was only done internally. “It was a necessary learning step,” he said.
He said 15nm 2D NAND was “extremely aggressive” lithography. “But when you go to 3D NAND, the pitches are pretty relaxed,” he said. “It’s not quite as aggressive as the 15nm.”
However, 3D NAND is expensive in terms of the new tools that are needed as well as the manufacturing space. Sivaram said 64-layer is the crossover where they are getting more bits to justify the increased cost. “But even with 64 layer, three bits per cell is essential,” he said. “Three bits per cell when built right is cheaper than any 2D NAND.”
http://www.eetimes.com/document.asp?doc_id=1331911
Com relação ao seu WD Green, se ele faz barulho pode ser sim que exista alguma coisa solta dentro (uma queda talvez?).
O modelo que recebemos para teste não faz barulho nenhum.
[ ]s
M.
Muito didático Nagano, obrigado!
Quanto ao meu WD Green, fiz alguns testes e o funcionamento está normal. Só terei mais cautela com o laptop no qual o coloquei.
Oi Icaro,
Se o barulho de coisa solta vier mesmo de dentro do SSD, não seria o caso de contatar seu fornecedor e solicitar uma troca?
Não é pra isso que serve a garantia de 3 anos?
[ ]s
M.
O próximo review deveria ser de um m.2 para dar uma ideia geral de todos esses SSDs.
Em 2015 testamos um HyperX Predator (m.2) junto com um Savage (SATA 600):
http://www.ztop.com.br/review-ssd-hyperx-savage-predator/
Na nossa programação, os próximos “discos” da lista serão alguns pen drives da Sandisk (incluindo um dual drive com porta USB-C) e mais adiante, um Intel Optane.
Fiquem ligados! 🙂