
Tablet robustecido com tela de 7 polegadas da Panasonic resiste a quedas de até 1,5 metro de altura, chuvas pesadas e variações de temperaturas de -10°C a +50°C.
No fim de 2011 a divisão Panasonic Toughbook colocou no mercado o Toughpad FZ-A1, seu primeiro tablet totalmente “rugged” (robustecido) equipado com tela de 10,1 polegadas e sistema operacional Android voltado para o setor corporativo e de governo.
De fato fomos convidados para ir até Dallas para ver este anúncio, onde vimos pela primeira vez o dito cujo em cores e ao vivo na mão de Rance Poehler, presidente da Panasonic System Communications Company of North America:
O curioso é que, ao contrário do mercado de varejo onde segredo vale ouro (e rende muuito assunto para os sites de rumores), essa divisão da Panasonic não é lá muito sigilosa no que se refere aos seus próximos lançamentos, falando abertamente sobre sua programação o que, neste mercado até funciona como uma estratégia de fidelização de clientes — já que a maioria deles — só pensa no longo prazo.
E até por causa disso, qual não foi nossa surpresa quando Poehler do nada — sacou do bolso um protótipo da futura versão desse mesmo tablet com tela de 7″ — que só seria lançado no segundo semestre do ano seguinte…
… e ainda esqueceu o dito cujo largado no palco depois da apresentação:
Desde aquela noite lá no Texas, já se passaram mais de dois anos, sendo que a Panasonic completou recentemente sua linha de tablets robustecidos com a chegada dos modelos com tela de 5 polegadas, sendo que nessa mesma época recebemos com exclusividade para testes aqui na Zumo-caverna um exemplar do modelo de 7 polegadas, o Toughpad JT-B1:

Para quem nunca foi apresentado, a linha Toughpad foi especialmente desenvolvida para atender as demandas da chamada “força de trabalho móvel”, que enfrenta condições desfavoráveis para desempenhar seu trabalho sem comprometer a qualidade. Entre essas atividades estão o atendimento ao cliente, gerenciamento de inventário e acompanhamento de risco, manutenção, manipulação de formulário e documentos eletrônicos (eForms/eCitations), rota de entrega, prontuários médicos eletrônicos, inspeções, pontos de venda móveis e até sistema de informação geográfica (GIS).
Segundo a Panasonic, o grande atrativo da linha Toughbook/Toughpad está exatamente na sua robustez e confiabilidade mesmo sob as condições mais extremas de ambientes como calor, umidade, chuva, poeira, frio etc.. De fato, acredito que o único local onde um desses equipamentos não consegue operar é dentro de um forno ligado ou debaixo d’água:
O Toughpad JT-B1 não é exatamente um equipamento grande, mas se comparado com outros modelos com tela de mesmo tamanho, ele é relativamente volumoso (maciço é uma melhor definição) medindo aproximadamente 12,9 x 22,0 x 1,8 cm (LxAxP) e 545 gramas de peso (com a bateria instalada):
Ele vem equipado com um chip OMAP 4460 da Texas Instruments, um SoC de 45 nm equipado com dois núcleos de processamento ARM Cortex-A9 de até 1,5 GHz + aceleradora gráfica POWERVR SGX540, 1 GB de RAM, 16 GB de armazenamento interno (expansível via slot SDHC), câmera frontal de 1,3 MP e traseira de 13 MP, microfone e alto-falante mono, rede Wi-Fi 802.11 a/b/g/n, bluetooth v4.0, NFC (padrão ISO/IEC21481 type A/B, Felica), sensores GPS, bússola eletrônica, luz ambiente e acelerômetro.
Opcionalmente esse sistema pode vir equipado com interface 3G/4G (LTE / UMTS / HSPA+ / EDGE / GPRS / GSM) mas, ao contrário dos modelos com tela de 5″, ele não faz ligações de voz. O modelo analisado ainda veio equipado com o Android 4.0.4 com opção de atualização de firmware por servidor remoto (via rede) ou microSD. Observamos porém que esse produto é fortemente protegido contra tentativas de alteração do seu sistema, como jailbreak, root ou troca da imagem original por uma alternativa.
E como era de se esperar de um Toughpad, o JT-B1 segue o mesmo visual e padrão de construção dos Toughbooks com seu característico gabinete com acabamento de liga de magnésio sem pintura com detalhes em preto. Ele é certificado segundo a norma IP65 contra entrada de pó e respingos d’água no seu interior, além de resistir a quedas de até 1,5 metro de altura, chuvas pesadas, temperaturas de -10°C a +50°C, alta umidade (~95%), e operar em altitudes de até 15 mil pés segundo a norma MIL-STD-810G.
Sua tela LCD tem resolução nativa de 1.240 x 600 pontos e, curiosamente, sua interface de toque aceita apenas quatro toques ao mesmo tempo (contra dez das telas mais avançadas), mas como acredito ninguém vai usar um produto desses para rodar app de pianinho, neste caso essa limitação não é lá tão relevante.

Mais relevante neste caso, é o fato dessa tela ser protegida por uma camada de vidro Gorilla Glass 2 da Corning e cercada por uma moldura de policarbonato com cantos de borracha maciça.
Uma característica interessante do acabamento desse gabinete é que, por ser fosco e levemente áspero, o JT-B1 não escorrega da mão mesmo com o equipamento molhado e é praticamente imune às marcas de dedos, apesar de que o mesmo não pode ser dito da sua tela.
Fora isso, o desenho do gabinete é bastante simples e funcional, formado essencialmente por linhas retas e alguns pontos de fixação para a instalação de acessórios e correias.
Aqui uma comparação do JT-B1 com o novo Nexus 7, onde também podemos ver uma característica bem curiosa da tela da Panasonic que é seu acabamento anti-reflexivo, o que melhora em muito a sua legibilidade.
E como nos Toughbooks, sua tela também é de alto brilho (500 cd/m²) o que proporciona uma boa legibilidade da tela em ambientes abertos tanto em dias de sol…
… quanto em dias de chuva:
Na parte de cima da tela, fica o sensor de luminosidade e a câmera frontal de 1,3 MP…
… equipada com uma lente de foco fixo e capacidade de capturar vídeos em HD, fazer videoconferência ou tirar fotos de até 1.280 x 960 pixels.
Já abaixo da tela temos três botões físicos, sendo três teclas de atalho (A1, A2 e A3) e o botão de liga/desliga.
Esses botões de atalho são configuráveis pelo usuário por meio e um aplicativo que já vem pré instalado no JT-B1. Note que esses botões podem ser programados para responder a diferentes comandos quando pressionados brevemente (Short press), pressionados por mais tempo (Long Press) ou quando dois deles são pressionados ao mesmo tempo. Como esse tablet não possui teclas de volume, esse recurso pode ser usado para tal ou (para mim mais importante) capturar telas.

Note que o botão de liga/desliga possui um anel em sua volta, o que passa uma diferente sensação de toque. A sua esquerda podemos ver o LED que indica o estado da carga da bateria (neste caso, carregando):
Nas costas do JT-B1 podemos ver as tampas que dão acesso ao compartimento da bateria, slot PCIe e a câmera traseira.

Uma característica incomum entre os tablets de consumo é possibilidade de remover a bateria. No caso do JT-B1 ela fica no lugar por meio de duas travas…
… que ao serem abertas com o tablet ligado, dispara um alerta na tela que pede para o usuário voltar a trava para a posição segura.

Ao removermos essa tampa, notamos que ela é a bateria…

…um modelo JT-B1-BT000U de íons de lítio de 3,7 volts x 5.720 mAh/22 Wh fabricada pela própria Panasonic. Segundo a empresa, sua autonomia estimada fica em torno de 8 horas.
E como em alguns celulares, ao remover a bateria temos acesso ao slot para cartão micro SDHC (32 GB máximo)…
… e ao slot para cartão microSIM (somente para os modelos com modem 3G/4G instalado).
E onde está esse modem? Ele fica instalado num compartimento próprio logo acima da bateria, por baixo de uma tampa fixada por quatro parafusos meio-exóticos do tipo “tri-point“…
… que só podem ser removidos com o uso de uma ferramenta adequada.
Aqui podemos ver que o modelo analisado veio equipado com um modem Ericsson modelo F5521gw compatível com redes 3G/HSPA+ e que também vem com módulo GPS integrado.
Um detalhe que nos chamou a atenção nesse compartimento é que apesar da sua tampa parecer ser toda de metal…
Ela tem de fato uma base de policarbonato. Daí surge a dúvida — será que o acabamento externo do JT-B1 é realmente de liga de magnésio — ou não?
Para tirar essa dúvida demos uma olhada nessa peça no microscópio e constatamos que existe uma finíssima camada (~0,28 mm de espessura) de metal sobre a base de policarbonato…

… idêntica à que vimos no gabinete do Toughbook CF-19 Convertible que é feito de liga de magnésio:
Ao lado desse compartimento podemos ver a câmera traseira equipado com sistema de foco automático (mais detecção de face) e flash de LED. Seu sensor de 13 MP permite capturar imagens de até 4.160 x 3.120 pixels ou vídeos em full HD.
E como era de se esperar, na borda superior desse tablet fica a porta de som que, como nos celulares, combina a saída para fone de ouvido com a entrada de microfone segundo o padrão CTIA/AHJ…
… que é protegida por uma simples tampinha de borracha que impede a entrada de impurezas no seu interior quando fora de uso.
Mas ao contrário de outros tablets que já vimos no passado, as portas USB Micro-B e de alimentação do JT-B1 não ficam embaixo, e sim na parte de cima do portátil dentro de um compartimento fechado com trava e tudo:
Para ter acesso a essas portas é preciso primeiro mover a trava para a posição indicada na seta e aplicar uma certa pressão na tampinha para que ela abra, já que ela fica firme no lugar graças a um anel de vedação.
O curioso é que apesar desse tablet contar com uma entrada de energia independente, notamos que a também é possível alimentar e recarregar a bateria do JT-B1 pela porta USB.
Acreditamos que a fabricante optou por essa solução devido a maior robustez do conector de energia se comparado ao USB Micro cujo conector tende a afrouxar com o excesso de uso, mas que pode ser usado caso a fonte não esteja disponível. O carregador é um modelo JT-BU-AD000U com entrada bivolt e saída de 5 volts x 1,6 amperes.
Entre os outros acessórios que acompanham o JT-B1 estão uma correia de mão…
… que ser prende no tablet por meio de dois pontos de fixação…
… e que oferece uma segurança extra para o usuário do equipamento:
Esse tablet também possui um tipo de conector proprietário…
Usado para conectá-lo a uma docking station opcional da Panasonic modelo JT-B1-CU000U…
… equipada com duas saídas USB e uma porta de rede Ethernet e entrada de alimentação que pode ser usada para recarregar tanto a bateria do tablet…
… quanto uma segunda unidade de reserva ao mesmo tempo:
Fora isso, também existe uma versão para carros modelos PCPE-GJB1V01/V02/V03/V04, disponíveis em diferentes versões com e sem tranca de chave ou portas de comunicação.
O modelo analisado veio com a versão 4.0.4 do Android, o que pode parecer meio antiquado para os padrões atuais mas, como dissemos antes não se trata de um produto de consumo. Isso pode ter um pouco a ver com o que a indústria chama de estabilidade de plataforma ou a garantia de que seus dados estão seguros (via criptografia) e que suas aplicações atuais não irão parar de funcionar por causa de uma tentativa de root ou troca do sistema operacional.
Já a relação de aplicações pré-instaladas seguem mais ou menos o padrão do Google e sua interface com o usuário não apresenta muitas diferenças em relação ao Android “Puro”.
As modificações ficam mesmo por conta de algumas Apps específicas como o UserButtonManager (que já vimos acima), o Dashboard, um pequeno painel de controle que permite acesso rápido a diversas configurações do sistema…
o Oi File Manager (talvez o único app de terceiros instalado no JT-B1) e o manual do usuário on-line:
Fora isso, ainda existe o DeviceManagement, um app que gerencia/ativa/desativa diversos recursos específicos do Toughpad:

Entre as diversas otimizações que vimos no menu de configurações (settings) está o Refresh Memory que, pelo que dá para entender, pode ser programado para reinicializar periodicamente o sistema com o objetivo de “limpar” a sua memória, melhorando assim o desempenho do sistema.
Outro recurso presente no sistema é o gerenciamento da interface Ethernet, mas o uso desse recurso só é possível com o uso da docking station.
Também notamos que o gerenciador de armazenamento lista duas opções de armazenamento baseado em USB — STORAGE_USB1 e STORAGE_USB2.
Apesar disso, não conseguimos ligar um memory key na porta USB mini do JT-B1 via cabo OTG o que nos leva a crer que essas opções de armazenamento também estejam relacionados com as duas portas USB presentes nas docking station. O curioso é que a porta USB mini desse tablet funcionou com mouse e teclado via cabo OTG:
Já a câmera do JT-B1 também é a versão que já vimos em outros tablets com Android 4.0.
Com iluminação adequada e sem explorar o recurso de zoom digital, a qualidade das imagens até que são boas para registrar fatos e ocorrências para ilustrar relatórios e perícias (como uma batida de carro), fotografar recibos e documentos (fazendo assim o papel de um scanner),


O mesmo pode ser dito do seu modo de captura de vídeo…
… em Full HD a 30 qps:
O que inclui alguns efeitos especiais como intervalômetro (time-lapse)…
… e o modo Panorama:

Nos testes realizados, o JT-B1 bateu 1.992 pontos no 3D Mark Ice Storm e 969 pontos no Ice Storm Extreme (compare com Androids topo de linha):

Fora isso, no Vellamo, o tablet obteve 1.258 pontos (HTML 5) e 1.706 pontos (METAL)…
… 2.720 pontos no Quadrant Standard Edition…
… e 60,3 qps e 34,5 qps respectivamente no Nenamark 1 e 2:
Nossas conclusões:
Esses números deixam claro que no que se refere a desempenho, o JT-B1 fica no grupo intermediário sem ameaçar os modelos topo de linha equipados com hardware mais novo e performático.
Mas como dissemos mais de uma vez neste review, esse Toughpad não foi pensado para ser um equipamento multimídia e sim um computador pessoal mais voltado para consulta de informações e coleta de dados capaz de acompanhar o seu usuário nas tarefas mais duras e extremas possíveis, faça chuva ou faça sol, sem quebrar ao encontrar o chão pela primeira vez.
Sob esse ponto de vista, o JT-B1 atende bem a essas demandas oferecendo para o mercado uma plataforma versátil, resistente e dura na queda, mas que ao mesmo tempo é baseada num sistema operacional bastante popular nos dias de hoje, o que facilita a sua adoção pelo mercado.
Mas como em outras vezes que testamos computadores robustecidos, é meio complicado avaliar um produto desse tipo principalmente se levarmos em consideração a falta de concorrentes diretos no nosso mercado. Talvez o que chegue mais perto do Toughpad é a série Xperia Z da Sony que me parece ser mais um equipamento para aqueles que gostam de ver um filminho na banheira do que um amigo fiel para levar numa expedição na floresta.
E por ser um produto voltado para o mercado corporativo e setor de governo também é complicado obtermos um preço sugerido para o Toughpad, já que isso depende do tamanho da negociação e o número de equipamentos, acessórios e serviços de suporte envolvidos. É tudo uma questão de atender ou não as demandas que os clientes consideram importantes e se eles estão dispostos a pagar por isso.
Resumo: Toughpad JT-B1
O que é isso? Tablet baseado em Android totalmente robustecido (Fully-rugged) para uso geral em qualquer ambiente.
O que é legal? Plataforma versátil. Excelente padrão de construção, proteção e acabamento.
O que é imoral? Desempenho modesto, mas nada que comprometa o seu perfil de uso (já que ninguém compraria um desses para brincar, né?)
O que mais? Esse produto também está disponível nas versões com tela de 10″ ou 5″ com Android ou Windows 8.
Avaliação: 7,9 (de 10). Entenda nosso novo sistema de avaliação.
Preço sugerido: Não informado.
Onde encontrar: Panasonic
Review sensacional, mesmo!
Gosto de produtos resistentes, ter o produto e nao se preocupar com queda, nada. Isso é muito bom. Deu vontade de ter um.
Pergunto, a atualização de firmware muda para qual versão do Android?
Por enquanto nenhuma. Segundo um papo que tive com o gerente desse produto, esse Toughpad foi feito (e configurado) sob medida para rodar o Android 4.0.4 e nisso inclui inúmeras proteções contra tentativas de Jailbreak, Root e outros bichos, além do SO ter o que ele chamou de assinatura digital da Panasonic. Resumindo: essa plataforma é minha e ninguém tasca!
Sob esse ponto de vista, acredito que — até que a Pana diga o contrário — as atualizações de firmware devem servir mais para fazer ajustes e correções no SO existente e não um upgrade do mesmo.
Valeu Nagano.
Gostei muito.
Sendo redundante, parabéns pelo review.
E teremos versão com windows e porta serial?
Realmente preciso convencer os “chefes” a adquirir alguns desse…
Sim e sim, eles se chamam FZ-G1 (tela de 10″) e FZ-M1 (tela de 7″), ao contrário dos concorrentes cujas soluções são baseadas em Atom, ambos são equipados com processadores Intel Core i5 de terceira (FZ-G1) e quarta geração (FZ-M1) e já estão a venda no Brasil: http://goo.gl/31ufSW
Afaik, ambos também podem receber uma porta serial por meio de um acessório opcional.
Domo Arigato.
Arigatô uma ova… vc saberia se tivesse lido nossos posts mais antigos (shame, shame, shame):
http://goo.gl/dNXYbf
http://goo.gl/Oqc4ou
Calma dflopes, brincadeirinha… 🙂