Números enormes: Apple iPhone X
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Números enormes: Apple iPhone X

Lembro até hoje de estar na CES 2007 (cobrindo a feira com um Nokia N93). Estava do lado de fora do pavilhão principal do Las Vegas Convention Center quando alguém falou sobre o lançamento do iPhone. Eu era cético (e fui por um tempo) até entender a revolução que o iPhone fez no mundo.

A Renata (quem manda de verdade neste ZTOP) ainda escrevia sobre tecnologia e estava lá na MacWorld em San Francisco, mas mal tivemos tempo de conversar (eu gosto de espalhar a história de que ela foi a primeira brasileira a pegar o iPhone na mão, era o mesmo aparelho demonstrado por Jobs no keynote).

Mas, em tempos distantes em que se anunciava um aparelho em janeiro para começar a vender seis ou sete meses depois, o primeiro iPhone nunca chegou oficialmente ao Brasil (e me diverti muito nas festas de lançamento de operadoras do iPhone 3G, 3GS etc. vendo subcelebridades mendigando smartphone de presente. Hoje seriam… influenciadores digitais?)

Hoje, mais de dez anos depois, vejo o anúncio do iPhone X. Acompanhei um pedaço inicial do keynote (caiu uma sujeira no olho quando a voz de Jobs surgiu no começo), tive que sair durante a parte da Apple TV 4K, segui o resto pelo Twitter.

E agora parei para ver o que é (e o que não é) incrível no iPhone X (“Ten”, não  “Xis”. Posso aplicar a piada da Asus e do Zenfone 4 para a Apple agora, já que os dois novos modelos são o… 8 e o X. Ano que vem teremos o 9 e no seguinte… o 10?).

Com o iPhone X, a Apple continua a criar uma experiência de usuário única e que, para o consumidor leigo em tecnologia, parece mágica.

Acabamento em vidro? Já teve antes no iPhone, mas agora é o mais resistente. Estabilização óptica de imagem na câmera dupla? Incrível, mas não é o único (eu, porém, achei incrível o novo modo Iluminação de Retrato e estou muito curioso com suas possibilidades). Tela OLED? Também não é o primeiro.

Design quase sem bordas? É a Apple seguindo a tendência de mercado. A Samsung começou mais ou menos no S6 Edge, evoluiu no S7 edge e ditou o padrão de mercado em 2017 com os Galaxy S8, S8+ e o Galaxy Note 8 com suas telas curvadas nas bordas e margens minúsculas na base/topo da tela. A Xiaomi tem aparelho sem borda desde o ano passado. E várias marcas 100% asiáticas-desconhecidas-por-aqui também.

Mas, tirando a Samsung (e o S8 chama atenção na mão pela proporção tela grande/corpo do aparelho), a maioria das pessoas nem conhece ou terá contato com marcas orientais de nicho. Então, o iPhone X vai ser uma introdução ao mundo “sem bordas” para elas. E OK, faz parte do processo.

A Apple demorou anos para entender que o consumidor gostava de telas maiores no smartphone (e foi uma categoria “inventada” pela Samsung com os Galaxy Note), e tudo bem. Hoje tem o modelo mini (4″, iPhone SE), normal (4,7″, iPhone 6S, 7, 8), o grande (5,5″, iPhone 6S Plus, 7 Plus, 8 Plus) e o super-grande (5,8″, iPhone X). Vale notar que é uma linha grande de número de modelos, ao se falar da Apple minimalista.

Estou curioso para colocar um S8+ (de 6,2″) ao lado do iPhone X.

Outra grande novidade dos novos iPhones (8, 8 Plus e X): carregamento sem fio.

A Apple já havia experimentado com carregamento sem fios no Apple Watch e nos fones-fáceis-de-perder AirPods. Agora – e olha só, agradeça ao acabamento em vidro – o velho e bom wireless charging está disponível. Alerta de spoiler para quem nunca usou carregamento sem fios: não espere muito dele. Uso desde o Lumia 920 (até comprei uma almofada-carregador), tenho uma base para Samsung e, bem, nada demais. Prefiro o recurso de carga rápida (e com fios).

O surpreendente aqui foi a Apple ter adotado um padrão de mercado (Qi): com isso, dá para carregar novos iPhones em bases de Samsung (heresia!) ou, sei lá, sua escova de dentes elétrica na base da Apple (funciona!).

Outro item do iPhone X que me deixou curioso foi o fim do botão com Touch ID e sua substituição para desbloqueio da tela com o reconhecimento de rosto. Isso é algo que vemos por aí faz tempo também (nos Galaxy) e, bem, nunca funcionou direito (mas o reconhecimento de íris é muito bom). A promessa da Apple é que a câmera frontal reconhece milhares e milhares de pontos no rosto do consumidor, impedindo fraudes (nos Galaxy, uma foto impressa desbloqueia o celular. Argh).

Existe aí uma questão de segurança/privacidade futura implícita: num momento improvável, você é parado pela polícia, que quer ver seu telefone. Nada impede do policial pegar seu telefone, apontar pro seu rosto e desbloquear o aparelho, sem mandato nem nada.

E também tem a bizarrice dos Animojis, emojis animados (é estranho. muito estranho) com sua face:

Nagano comenta: Confesso que nunca dei muita bola para esses keynotes da Apple, mas dessa vez eu fiquei curioso para ver se o campo de distorção da realidade de Jobs continuava firme e forte e a impressão que tive é que sim — o pessoal de Cupertino é realmente bom na arte de vender peixe e, sim de novo, o pescado deles parece ser de boa qualidade.

Porém a maioria das “novidades” que vi me pareceram ser mais “evolucionárias” do que realmente “revolucionárias”.

Por exemplo, um smartwatch com conexão de celular? A pulseira Mica da Intel já tinha só que não fazia chamadas de voz. Já o Watch Phone GD910c da LG de 2010 tinha esse recurso e o danado ainda fazia chamada de vídeo:

Apple TV 4K? O Roku Premiere+ lançado no fim do ano passado também já oferece 4K com HDR — mas cá entre nós — o que mais a gente poderia esperar?  Saída de vídeo analógico para TV de tubo?

Já o novo iPhone 8 com sua tela sem bordas (Galaxy S8), fundo de vidro (Zenfone 3, Quantum Go) e autenticação via face (Android 4.0, Samsung, Qualcomm) é algo que a gente também já viu em outros lugares…

… e isso sem falar que o design aquela ilha de sensores no topo da tela do iPhone X me fez lembrar do logo da Motorola no Razr i:

E olha só… Ele também não tem botão físico — Upalelê!

De fato, até mesmo a idéia do divertido Animoji já foi explorado pelo pessoal de Santa Clara em 2014 com o no seu app Pocket Avatar, atual Yap Messaging:

Dito tudo isso, o que estou querendo dizer é que as novidades dessa nova linha de produtos da Apple para mim não são exatamente “coisas novas” e sim boas idéias (ou pelo menos boas tentativas) que já circulavam no mercado que a engenharia e o pessoal de software da Apple souberam executar com maestria e (pelo menos na apresentação) fazer tudo funcionar de maneira simples e prática num hardware moderno e bem acabado que faz parte de um ecossistema coeso e harmonioso (com unicórnios e tudo, é claro!)

A propósito, não vi ninguém aplaudir Tim Cook quando ele anunciou do preço do iPhone X que nos EUA começa a partir de US$ 999.

Será que com Jobs seria diferente? 😉

 

ZTOP in a box: e o preço do iPhone X?

A outra barreira a ser quebrada pelo iPhone X é o preço. Lá, fora, é o primeiro smartphone a passar a marca de US$ 999 (64 GB) / US$ 1.149 (256 GB). Para comparação de produto na mesma categoria premium, o Galaxy Note 8 está à venda nos EUA pelo valor sugerido de R$ 929,99.

Aqui a gente consegue brincar com a tabelinha que já usamos para avaliar o preço do Chromecast 2: Siga nosso raciocínio e vamos brincar de prever o futuro:

Montamos a planilha com o valor FOB (free on board, ou preço de importação) de US$ 400 (um valor elevado estimado em cima do preço da produção de um iPhone 7, já que a tela do iPhone X é maior e existem componentes novos).

Em cima desse valor incidem frete (10%) e imposto de importação (100% sobre o valor FOB+frete). Então convertemos esse número para reais com o dólar a R$ 3,129, adicionamos em cascata 8% de distribuição, 30% de varejo e mais 18% de ICMS.

Vale notar que não sabemos a alíquota real do imposto de importação que incide sobre o iPhone X, que pode variar entre 70% e 100%, dependendo do produto importado. Aplicamos a alíquota máxima de 100% por conta disso.

Com o preço FOB de US$ 400 e alíquota de 100%, o valor final em reais seria algo em torno de R$ 4.561,81. Entretanto, a Apple (e os varejistas e as operadoras) nos EUA têm sua margem de lucro, e não faz sentido importar um produto com preço cheio.

Arredondando, R$ 4.600 – já que o iPhone 7, da geração anterior (oooh) custa hoje no Brasil R$ 4.299 no seu modelo de 128 GB (já após a redução de preço pós-novos iPhones. No lançamento, o 7 Plus mais caro saía por R$ 4.899). E se o dólar não subir, claro. Um dólar a R$ 3,3 levaria o hipotético preço de um iPhone X para mais de R$ 4.800.

A conferir no lançamento dos novos iPhones no Brasil, provavelmente em Novembro.

 

Escrito por
Henrique Martin
10 comentários
  • Na vdd o iPhone7 normal de 32gb na loja online da AppleBR ja está por 2.879,10 à vista.

    • mas 32 gb não é 128… nao é o de 128 foi usado no exemplo?

  • apesar dos recursos copiados de outros dispositivos, pois a Apple há tempos vem apenas aproveitando recursos de terceiros que inovar realmente – já com uma base de usuários fiel (pq mudar?)

    A maior evolução, IMHO, é a retirada do botão frontal, é uma forma de interação bem antiga com os celulares (desde os tempos de Nokia 5120) – ao menos os gestures do WebOs foram reconhecidos como uma excelente interface de usuário.

    P.S.1: Essas orelhas na tela do iX são dificeis de aceitar, mesmo num mundo pós-Jobs.
    P.S.2: 999 trumps é o preço do modelo de 64Gb, quanto ficaria o de 256Gb partindo de 1.149???

    • Como já dizia Steve Jobs:

      “Good artists copy
      Great artists steal”

      O curioso é que segundo o próprio Jobs, essa frase foi dita por Pablo Picasso, apesar de que o site Quote Investigator diz o seguinte:

      In 1988 the Sydney Morning Herald newspaper of Australia printed an article that discussed lawsuits in the computer industry and the development of the Macintosh computer system. The article contained Steve Job’s oft repeated controversial remark:

      He headed the team that developed the Macintosh. Steve Jobs said that while it was being developed he kept in mind a quote from Pablo Picasso.

      “Good artists copy. Great artists steal.”

      In 1996 a movie reviewer writing in the Philadelphia Inquirer presented a modified version of the adage ascribed to Picasso by replacing “good artists” with “bad artists”:

      All of which goes to prove Pablo Picasso’s statement that “bad artists copy, great artists steal.”

      The multi-part PBS television program “Triumph of the Nerds: The Rise of Accidental Empires” premiered in 1996. During the program Steve Jobs again mentioned the saying that he attributed to Pablo Picasso. Here is a transcript excerpt:

      Ultimately it comes down to taste. It comes down to trying to expose yourself to the best things that humans have done and then try to bring those things in to what you’re doing. I mean Picasso had a saying he said good artists copy great artists steal. And we have always been shameless about stealing great ideas.

      In conclusion, in 1892 an important precursor of this family of expressions was published. The author was W. H. Davenport Adams, and his words may have influenced the version that T. S. Eliot published in 1920. Both writers referenced “poets”, but by 1959 a version with “artists” was in circulation. The expression continued to metamorphose and instances were attributed to major artists such as Igor Stravinsky, William Faulkner, and Pablo Picasso.

      The attachment to Stravinsky depends on the credibility of Yates. QI has not yet located substantive evidence for the attribution to Picasso.

      https://quoteinvestigator.com/2013/03/06/artists-steal/

      • Com relação as “orelhinhas” isso deve ter sido o resultado de muita discussão/quebra pau entre o pessoal de design que queria a tela “cheia” e o pessoal da Enhenharia que tinha que colocar os sensores dianteiros em algum lugar e que resultou nesse meio termo,

        Fico imaginando o quão incômodo esse pedaço de tela a menos vai ser na hora de ver um filminho em tela cheia (se é que isso vai ser possível)

        • Estava comentando isso com uns camaradas. O consenso foi de que esse será o lugar onde as pessoas colocarão o polegar ao segurar o aparelho ?

    • na ponta inicial (o preço FOB), não deve mudar muito – uns 5-10 dólares no máximo, então na minha tabela não faria grande diferença. Mas sobe, claro, na ponta final.