Meus dois centavos sobre Avatar
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Meus dois centavos sobre Avatar

RESUMO

Hoje cedo Nagano e eu tiramos uma folga e fomos ver Avatar. Pô, e não é que é uma baita experiência high-tech? (sem spoilers no texto, não precisa se preocupar)

Captura de tela 2009-12-14 às 22.44.37

A única vez que perguntei a um temido crítico de cinema paulistano sobre como me tornar um crítico de cinema levei uma patada tão grande que acabei caindo no mundo da tecnologia (“o sr. precisa estudar dez anos na França”, disse o metido). Tudo bem, sem ressentimentos: hoje cedo Nagano e eu tiramos uma folga e fomos ver Avatar. Pô, e não é que é uma baita experiência high-tech? (sem spoilers no texto, não precisa se preocupar)

Importante recomendação: veja o filme em 3D. Ele foi pensado para ser 3D. E isso é especialmente incrível. Nunca acreditei muito no 3D (filmes do Freddy Krueger com óculos vermelho-azul me dão arrepios, e não são de medo). Avatar foi o primeiro filme que vi inteiro em 3D. Dá dor de cabeça? Um pouco, ainda mais se você se sentar na frente da sala IMAX aqui em São Paulo.

As cenas em Pandora, o mundo mítico criado por James Cameron, fazem você mergulhar na tela. Eu sempre gostei de ir a cinemas 360 graus, e muito de Avatar dá esse sentido, ampliado e muito pelo 3D. Passear com os Na’vi (esse povo azul smurf gigante que mora em Pandora) pelas florestas vale o ingresso, com cada planta e efeito luminoso que brota na tela.

Avatar, no fim das contas, vai significar banda perdida pra qualquer tonto que gastar horas fazendo download de um screener qualquer. Sério: não vai valer a pena. Com o 3D, me empolguei de novo para voltar ao cinema.

O lance do 3D me fez despertar para um problema cinematográfico: eu tenho preguiça, hoje, em 2009/2010, de ir ao cinema.Tenho uma TV grande, canais em HD no cabo. Pensar em sair de casa, pegar trânsito, pagar estacionamento, ingresso caro (maldita máfia da meia entrada – e se você, adulto, não é estudante, mas tem carteirinha falsa, tá na hora de repensar seu conceito de cidadania) e público com comportamento “tô na sala de casa e faço a zona que quero” me faz desistir. Claro que existem salas e salas de cinema, e locais que se pode ou não pode ir – mas são cada vez mais raros.

James Cameron fez direito em O Exterminador do Futuro. Fez o Segredo do Abismo, um dos filmes com visual mais impressionantes que já vi na vida. Fez Aliens, o Resgate (e Sigourney Weaver, musa combatente dos aliens cabeçudos, está em Avatar, num papel que mais lembra a Diane Fossey de “Na Montanha dos Gorilas”). Não, eu não vi Titanic (verdade!). O sucesso de Avatar pode surgir no 3D, mas tem uma coisa que o Nagano sempre comenta: sem uma boa história o filme não é nada. E esse é o caso de Avatar. Mas eu já disse que tem que ver o 3D? Pros nerds, as interfaces e telas são incríveis também.

Ah, sim, quer saber a fórmula do filme? Elfos + linguagem de elfos + Smurfs gigantes + Jurassic Park + política internacional + petróleo que não é petróleo + personagens que já vêm com porta Ethernet (copyright Mário Nagano 2009). E tem a Michelle Rodriguez  (em 3D)!

Captura de tela 2009-12-14 às 22.43.50

O trailer, pra quem não viu:

PS: o crítico mala também estava na sessão de Avatar. Mas ele é tãaaao mala que não fala com ninguém. Problema dele, né?

Nagano complementa: Lembro de ter lido em algum lugar a seguinte definição:

Caras que manjam e sabem realizar tornam-se artistas, o resto que manja mas que não produzem nada tornam-se críticos de arte.

Mas de volta a vaca fria: Não me considero um crítico de cinema, mas como passo o dia procurando defeito nos produtos dos outros acho que posso dar meus pitacos nesse último trabalho de Cameron:

Concordo com o Henrique. Visualmente falando é um filme de cair o queixo e arrepiar o cabelo. Cameron é meio megalomaníaco, mas a vantagem é que ele — pelo menos — sabe como torrar o dinheiro do orçamento meio no óbvio, sem se arriscar muito num roteiro maluco ou muito cabeça.

Entretanto, como disse Bill Moyers sobre a primeira vez que assistiu Star Wars: “Essa é uma velha história contada de uma maneira nova” e acho que é aí mora a única crítica que posso fazer desse filme:

Ao “viajar” junto com Jakesully pelo mundo de Pandora, o banco de imagens na minha cabeça não parava de retornar zilhões de referências de filmes do passado como “O Segredo do Abismo“,  “Um homem chamado Cavalo“, “Dança com Lobos“, “Tarzan“(de Walt Disney), King Kong (de Peter Jackson), diversos filmes de Hayao Miyazaki, etc. mas acima de todos, “Aliens, o Resgate” onde a referência mais óbvia é Sigourney Weaver, assim como os Space Marines (e toda sua parafernália bélica bombada), o tampinha FDP da corporação (Parker = Carter), a piloto de helicóptero militar (Trudy = Ferro), ah sim… o pesquisador Norm Spellman lembra aquele operador de robozinho do Segredo do Abismo (Henrique comenta: esse ator é o engenheiro doido ególatra na mais recente temporada de “Medium”).

Some-se a isso questões da moda como ecologia, sustentabilidade, proteção dos interesses dos povos indígenas, intervencionismo (por interesses econômicos) e até mesmo a conferência do Clima em Kopenhagen e temos o filme certo na hora certa. Algo por sinal que a Disney tentou fazer  com Irmão Urso — criar um filme de sucesso por comissão — e quebraram a cara.

Mas tudo isso não passa de papo de boteco… O que importa é que Avatar é entretenimento puro, um filme de fácil digestão para ser comido com os olhos (e não com a cabeça) e que realmente vale o esforço de tirar o traseiro do sofá e ir para o cinema — de preferência numa sala em 3D.

‘nuff said.

Escrito por
Henrique Martin
33 comentários
  • Copiei o trailer em 1080p e realmente… Cabe um termo para o qual não sei tradução: Luscious.

    Ao contrário de filmes como Transformers, em que milhões de coisas voam na tela ao mesmo tempo sem propósito (talvez só pra mostrar o ego megalomaníaco do diretor), tudo o que acontecia parecia ter importância.

    Espero ir no mini-IMAX semana que vem ou na outra (pensando bem… depois do natal, o que parece mais sensato).
    Só não gosto de ter que usar o óculos 3D por cima dos meus óculos. Mesmo problema que tive com o GeForce 3D Vision 🙁 (por sinal, acho que ajuda a dar dor de cabeça mais rápido, por não ser tão "imersível" ao deixar a lente mais longe do olho, palpite)

    ps. A Michelle Rodriguez é praticamente homem Henrique… Até as na'vi são mais femininas…

  • "Claro que existem salas e salas de cinema, e locais que se pode ou não pode ir – mas são cada vez mais raros." E Caros.

    Mas o ingresso do imax do bourboun vai valer pra ver: Michelle Rodriguez.

    Ah sim, o filme deve ser bom demais tbm!

  • Ah, que bom! Achei que era só eu que fico com preguiça de ir no cinema e enfrentar alguma gentalha no meio da sala e filas… um monte delas! Parece que vou ver sim, mas não é por isso que também vou parar de reclamar dos 30 reais de ingresso do filme que eu preferiria aproveitar em um champagne a mais pro fim do ano 😀

  • Só uma coisa sobre este teu comentário: "Caras que manjam e sabem realizar tornam-se artistas, o resto que manja mas que não sabe fazer tornam-se críticos de arte."

    Godard, Eisenstein, Truffaut, Glauber Rocha eram críticos ou teóricos do cinema. Ou seja, a frase não quer dizer muita coisa hehe. Só pra citar alguns hehe. Até porque os melhores cineastas do mundo são, automaticamente, grandes pensadores do cinema =)

    • Oi Alessandro,

      Tiro certo mas na direção errada… vc se lembra de algum filme do Rubens Evald Filho?

      • existem críticos e críticos, não dá pra generalizar. ah sim, e aqueles que se julgam críticos, como o Rubens hehe.

        O que eu quero dizer é que os melhores cineastas são os que também pensam e refletem sobre o cinema. Assim como esses "críticos" quem acham que entendem de cinema, existem os cineasas que acham que entendem de cinema hehe. Até porque somente 'fazer' também não significa muita coisa. Ou seja, pra mim teu pressuposto exposto naquela frase está completamente equivocado.

      • ah sim, e outra coisa… Rubens Ewald Filho é tão parâmetro para crítico quanto Michael Bay é para cineasta, ou seja, te sugiro referências melhores hehe.

  • Pois é, críticos, em geral, são assim mesmo… Eu estava ouvindo um podcast de música, hoje, e os apresentadores eram tão metidos, mas tão metidos, que acho que o feed vai pra lixeira!
    Mas, falando de Avatar, cinema é diversão. Se a gente sair do cinema com aquela sensação de "caramba, que filme da hora!!!", o ingresso e a pipoca já valeram a pena! Eu vou ver, assim que puder!

  • Esse comentário, e mais outros comentários de outros blogs, sobre esse filme, deu vontade de ir ver esse filme, até então não tinha nenhuma curiozidade de assistir esse filme, nem os filmes em 3D. Pois a ultima vez que eu assisti em 3D foi a Era do Gelo 3, e sinceramente me decepcionei….preferi um outro que eu assisti em 3D "godzilla vs mothra" no Japão quando eu tinha uns 8 anos (hoje eu tenho 22…), que a cadeira se mexia pra lá e pra cá, usando aquele óculos vermelho-azul….heheheh

  • Ô Henrique, manda esse crítico enfiar a FRANÇA INTEIRINHA no fim da espinha dele. E o resto da EUROPA também.

    Para mim, Críticos de arte em geral são, com raras excessões, artistas frustados que tentam manter alguma auto-estima defenestrando o trabalho alheio, e com um medo irracional de concorrência. Ou seja, a mesma opinião do Nagano mais com outras palavras.

    Quanto a Michelle Rodriguez, é uma pena que ela seja lésbica (casada com Kristana "Terminatrix" Lokken), mas mesmo assim é um belo colírio.

  • Melhor comercial que existe: o boca-a-boca…

    meu unico problema? Morar no fim do mundo! Não existe nada parecido com salas Imax 3D na região…. buááá

  • Assim como o amigo acima, será uma sorte se o filme chegar legendado aqui em minha cidade…

  • Vi que Avatar vai ser um dos primeiros filmes legendados feitos em 3D.

    Então… Assistiram legendado, vale a pena, isso que dá dor de cabeça ?

    É que além das vozes na dublagem não combinarem com o trabalho, costuma ter o problema de "caparem" efeitos sonoros no processo.

  • O filme é espetacular, entretenimento puro, coisa de vc ficar babando até se engasgar ! A estória é quase uma porcaria lugar-comum-salada-mista-tudo-junto, mas o que vale é que Avatar é o triunfo da beleza da imagem, é para isso que foi idealizado e quem quer papo cabeça e choque de realidade, sugiro passar um fim de semana na emergência traumatológica de algum grande hospital público…

  • Quanto ao filme em si, viajarei pra SP pra assistir e visitar minha mãe (ou o contrário caso ela leia isso). Quanto a história alguém vai lembrar de um filme que tem a "mesma" trama, com nomes diferentes, ambientes diferentes, pessoas diferentes, mas não é o mesmo filme ( é ou não é?). Coisa de crítico de cinema. Fazer o que!!!!
    Me surpreendeu a criatividade dos (não) críticos explicando as coincidências de Star Wars e Harry Potter. veja em: http://www.brpoint.net/wp-content/uploads/starwar
    Não foi nesse site que encontrei a primeira vez, mas vale a leitura.
    Rapaz, Michelle Rodriguez lésbica… eu não sabia, nem ela lembrou quando ficou comigo dia desses heheheheheheeheh
    Só pra completar, qualquer um que critique algo falando: que filme ruim, que música ruim,… que faça melhor, ou pelo menos seja inteligente o suficiente pra críticas construtivas: é um filme bom pra quem quer diversão, principalmente em 3D.
    Simples e já exclui um monte de gente que tem dor de cabeça (eu sou um, que conforme um colega acima disse óculos 3D sobre óculos de grau não dá.)
    Abraços a todos.
    Rogério

  • Bom, essa história de comparar Star Wars com Harry Potter (ou O Senhor dos Anéis ou Excalibur ou Céu de Outubro e assim por diante…) não me impressiona por que todos eles foram influenciados — conscientemente ou não — pelo "Mito do Herói" um termo cunhado por Joseph Campbell no seu livro "O Herói de Mil Faces" que afirma que a maioria dos contos heróicos de diversas épocas e origens tem a mesma estrutura narrative e que segue mais ou menos a seguinte receita:

    "O herói é introduzido em seu mundo ordinário, onde ele recebe o convite à aventura. Ele é relutante no início, mas é incentivado pelo velho sábio ou divindade a cruzar o limiar primeira, onde ele encontrará testes e ajudantes.Ele chega a caverna mais profunda, onde
    suportará a provação suprema. Ele se apodera da espada ou do tesouro e é perseguido no caminho de volta para seu mundo. Ele então volta a vida, porém transformado pela sua experiência ele retorna ao seu mundo comum com seu tesouro, dádiva ou elixir que irá beneficiar o seu mundo."

    Mais detalhes podem ser encontrados no link abaixo (de onde tirei o resumo acima):

    http://www.skepticfiles.org/atheist2/hero.htm

    By the way, esse livro foi publicado no Brasil pela Editora Pensamento:

    http://www.submarino.com.br/produto/1/32949/heroi

  • Eu vi o filme e gostei, fiquei realmente maravilhado com o visual e os efeitos, e olha que não era 3D.
    Deois de todos estes comentários irei ver numa sala Imax.

    Acho que todo mundo após assistir um filme (gosto é subjetividade e não se discute) deveria-se limitar apenas em diser se gostou ou não, na minha opinião comentários técnicos sobre qualquer assunto vindo de leigos não valem de nada, falar por falar só pra dar uma de intelectual ou inteligente é pura vaidade e egocentrismo.

  • Se Michele Rodriguez est´no filme… significa que ela vai morrer!

    Pois é, em tudo que já vi com ela, em algum momento ela vem a óbito. Era a única certeza que eu tinha no Filme.

  • ’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.’nuff said.??????????????????????????????????????????

    ’nuff said.????

    O que é isso??? Soluço transcrito??
    Você se considera jornalista?
    Volta para a faculdade.

    • Oilerua-san… por acaso vc é parente do Onaireves ou usa o mesmo IP da Milena?

      Mas tudo bem, como ninguém precisa nascer sabendo, vou te dar uma trela:

      Segundo o Urban Dictionary (

    • Prezado Critico !
      Não é uma boa história ?
      Nas suas 10 primeiras linhas vc só fala dos efeitos, da técnologia e que tem TV grande em casa!
      Vc não comenta que o personagem teve qeu estar em cadeiras de rodas para poder valorizar uma corrida e as coisas em volta( pano de fundo para valorizar as coisas que os seus "Smurfs" valorizam. Uma metáfora de nossa história ( maias, Indios Americanos e qualquer civilização colonizada, assim como nós mesmos).
      Creio que estamos entrando na era dos criticos técnológicos e não de conteúdo!

    • Continuação

      Tenho certeza que não se lembrou da carta do Chefe Seattle escrita em 1855( tudo a ver )
      Hoje é dificil para nós entendermos sobre nós mesmos e se fizessemos um filme explicidamente sobre o tema abordado ( valores, principios, ecologia, etc..) o filme ficaria muito enfadonho sim , com certeza, mas mesmo com o recurso da metáfora, que serve para "embelezar" ou se fazer entender melhor", mesmo assim, O mundo ( a maioria) ou não presta atenção, ou não toca em nada os sentimentos , isso é triste, mais triste ainda o fato de que no final do filme ficamos com raiva de nossa própria espécie!

    • Prezados Técnicos de narrativas e construções literárias
      Para tecer estes comentários, para mim é redundância, pois a estrutura é óbvia!
      A locução , a apresentaçao , etc….
      Hoje se compra em boas lojas a estrutura para se montar ou entender um filme ou um livro
      Para mim isso é claro.
      Mas……. os sentimentos implicitos, a evocação das emoções?As quais em nossa realidade já não vale a pena
      Já li comentários que isto é banal: -Espero que a pessoa se entenda com seu par pois afirmar que é banal, é afirmar que gostar é balela, pondo en dúvida o relacionamento.