iPhone, um dia depois
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iPhone, um dia depois

Com o fator WOW! diminuindo, começam a aparecer na Web as primeiras análises, opiniões e histórias sobre o iPhone. Ninguém ainda conseguiu descobrir qual o processador usado (e todo nerd quer saber), mas dado o fato de que todos os computadores da Apple e a Apple TV usam processadores Intel, não me surpreenderia se o iPhone se juntasse í  turma. Entretanto, segundo a Agência Reuters, tanto Apple quanto Intel negaram o envolvimento desta no fornecimento do processador. Uma fonte que preferiu não se identificar me disse que o processador da Apple TV é um x86-mobile de codinome “Blue Dolphin”, desenvolvido pela Intel e provavelmente derivado da linha Pentium M. Já o iPhone teria alguns componentes da Intel, mas não o processador. Então fica a dúvida: quem foi a empresa escolhida pela Apple?

Mistério: A quem pertence o coração do iPhone?

Mistério: A quem pertence o coração do iPhone?

Há uma possibilidade: Jobs mencionou durante a apresentação que o iPhone usa muito “custom silicon”, jargão para chips feitos sob medida para determinada aplicação. A segunda geração do iPod Nano usa um processador “custom”, baseado em um ARM 9 com recursos extras, produzido pela Samsung para a Apple. Considerando que todos os Smartphones rodando Windows Mobile disponí­veis no mercado usam variantes do ARM (XScale, ex-StrongARM, antigamente produzido pela Intel e hoje pela Marvell), esta parece ser uma aposta segura. Processadores baseados na arquitetura ARM tem baixo consumo de energia e bom desempenho para uso em dispositivos móveis e são usados, entre outros dispositivos, no Nintendo DS (um ARM7 e um ARM9), no finado Newton, da própria Apple, e em vários PDAs da Palm (com o derivado OMAP, da Texas Instruments).

O povo do site Gizmodo conseguiu brincar com um iPhone durante 15 minutos logo após a keynote. Resumindo as impressões iniciais que tiveram: o som é melhor que a média dos outros telefones, a tela é estonteante, o navegador renderiza páginas sem nenhum problema e o Google Maps é perfeito. Entretanto, as teclas no teclado virtual pareciam um pouco pequenas demais, e a câmera não se saiu tão bem quanto esperado em uma sala escura. Em um papo com dois executivos da Apple, Phill Schiller e Eddie Cue, eles levantaram que o sistema operacional não é o mesmo OS X usado nos desktops (essa eu já esperava), mas sim uma versão reduzida, e que não haverá suporte a aplicativos de terceiros, ou seja, não será possí­vel instalar programas além dos da Apple no iPhone (como já acontece com o iPod).

A revista Time tem um artigo sobre a apresentação do iPhone para a imprensa e alguns detalhes do seu processo de criação, um projeto de dois anos e meio mantido sob sigilo absoluto. Já a Fortune menciona exatamente o esforço para manter o projeto em segredo. E David Pogue, do New York Times, também brincou com um iPhone e responde í  principal pergunta dos internautas: a tela acumula, sim, marcas de dedo, mas muito menos do que uma superfí­cie lisa normal (como a tela de um PSP), e elas são facilmente removí­veis com uma simples passada de uma manga de camisa. Nada de carregar paninhos especiais e ficar polindo meticulosamente seu iPhone para mantê-lo bonito.

Durante a cobertura da keynote ontem mencionei que iPhone era uma marca registrada da Cisco, e que deveria haver algum acordo entre ela e a Apple possibilitando o uso do nome. Pelo jeito o acordo não aconteceu, já que segundo a Forbes a Cisco está processando a Apple pelo uso da marca. E agora, será que a Apple dobra a Cisco ou muda o nome do produto? Temos até Junho para descobrir.

Como todo mundo quer um pouco da atenção gerada pelo iPhone, já começaram a surgir na rede os resmungões com listas de “10 coisas a odiar no iPhone“. Algumas reclamações tem fundamento (autonomia de bateria de 5 horas, nada de 3G, bateria não removí­vel), outras são “picuinhas” dignas de quem sempre quer o braço quando oferecem a mão (ex: câmera com “só” 2 Megapixels, “só” 8 GB de Flash). Me lembra do lançamento do iPod, quando um editor do Slashdot comentou: “No wireless. Less space than a nomad. Lame.” (Sem Wireless. Menos espaço que um Nomad. Porcaria).

E por fim o mais importante, o preço: o iPhone vai custar US$ 499 (modelo de 4 GB) ou US$ 599 (modelo de 8 GB) nos EUA, com um contrato de dois anos com a operadora Cingular, parceira exclusiva da Apple. Quem se empolgar e quiser trazer um desses brinquedinhos para cá vai ter de enfrentar dois problemas: o primeiro é o custo, já que além de pagar pelo aparelho terá também de pagar as mensalidades da operadora pelos próximos 48 meses. O segundo é que, como já acontece com aparelhos “comuns” no mercado, o iPhone provavelmente terá uma espécie de “SIM Lock”, que o impede de funcionar com o cartão de uma operadora concorrente. OK, travas existem para ser quebradas, e provavelmente isso não vai demorar muito a acontecer, mas é algo a considerar.

E se você ainda não viu a apresentação do Jobs… instale o Quicktime e assista agora!

UPDATE: Renata Mesquita confirma, no blog do Henrique, que o iPhone não vem para o Brasil.

UPDATE, 12/01/2007: Corrigida a informação sobre o processador.

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4 comentários
  • Entre as reclamações, faltou uma que é inacreditável: não ter um leitor/editor de MMS.

    Francamente. Um telefone com câmera e sem MMS?

  • César, pode ser que ele tenha MMS sim, só que o recurso não foi mostrado. O David Pogue, no artigo linkado no post, menciona que o software que estava no aparelho não era a versão final (afinal, eles tem seis meses antes de botar o treco no mercado) e que várias opções tinham só alguns gráficos sendo usados como “placeholders” e não estavam funcionando. MMS pode estar aí no meio.

  • Pois é, da Veja E da Época. A matéria da Época é maior, embora a Veja tenha dedicado generosas quatro páginas ao bichinho. Infelizmente não posso comentar sobre a qualidade do texto, pois ainda não li as revistas.