
Fujitsu transforma fábrica de semicondutores em estufa para plantar alface com baixo nível de potássio.
Considerada uma das maiores companhias de TI do Japão, a Fujitsu é especializada na produção e venda de PCs a supercomputadores, semicondutores, produtos de telecomunicação, softwares e serviços e mais recentemente…. produtos agrícolas. Na semana passada, a empresa lançou no varejo seu primeiro produto orgânico, uma alface com baixo nível de potássio que integra a linha de produtos Kirei Yasai (キレイヤサイ — algo como “bela verdura“).
Pausa para um momento Zumo de reflexão:
Pode parecer estranho que uma empresa de alta tecnologia como a Fujitsu resolva entrar em um mercado à primeira vista fora do escopo do seu core business. Mas, de certo modo, não deixa de ser uma maneira de uma empresa se reinventar para sobreviver aos novos tempos, a exemplo daquela empresa com nome de fruta que só fabricava computadores e hoje deita e rola no mercado de telefonia.
Outro exemplo bem curioso vindo lá da terra do sol nascente é a Fujifilm que, com o fim da fotografia analógica redirecionou todo o seu know-how na produção de filme químico (que utiliza materiais como colágeno e antioxidantes) para a criação de uma linha bem sucedida de produtos de healthcare, ou mais exatamente, cremes e loções para rejuvenescimento facial como o Astalift, que a mulherada lá adora e deve dar mais lucro que um rolinho de filme vulgar.
Mas voltando ao que interessa, essa história teve início em julho do ano passado quando a Fujitsu anunciou que iria transformar a sala limpa da sua fábrica de semicondutores de Aizu Wakamatsu (na província de Fukushima) num projeto piloto de cultivo de alface com baixo teor de potássio.
Para isso ela foi adaptada para receber um sistema de irrigação e iluminação especial que começou a produzir em escala comercial no início de 2014.
Segundo a Fujitsu, como suas plantas são cultivadas num ambiente limpo, controlado e livre de impurezas, fungos e até insetos, elas dispensam o uso de agrotóxicos e crescem o ano todo, possibilitando assim uma produção constante e fornecimento contínuo para o mercado.
A hortaliça em si foi desenvolvida pela universidade municipal de Akita (que também é dona da patente) que, quando comparada com uma alface normal onde cada 100 gramas de folhas pode conter ~490 miligramas de potássio, a da Fujitsu tem apenas 100 miligramas (ou menos). Isso permite que pessoas com restrição ao consumo de potássio — incluindo doentes crônicos do fígado — possam consumir esse vegetal, proporcionando assim mais prazer e qualidade de vida.
Fora isso, o nível de nitrato de nitrogênio nessa alface também é baixo (~ 75 mg para cada 100 gramas) o que faz com que suas folhas sejam menos amargas — tornando-se assim mais palatáveis para crianças. A empresa também afirma que seu produto pode manter o frescor por mais de duas semanas se mantido no refrigerador a 10 ℃ ou menos.
Um pacote com duas cabeças (~ 90 gramas) está sendo vendido de 450 a 500 ienes ou ~ R$ 9,77 a 10,86 segundo a cotação de hoje (14/maio).
Essa iniciativa conta com a participação de outras empresas como JFE Holdings Inc. e a Olympus Corp. (sim, aquela que fabrica câmeras). E para não dizer que a Fujitsu não dá ponto sem nó, ela está usando essa iniciativa para testar e promover um novo serviço na nuvem chamada Akisai…
… que aplica suas ferramentas de TI na produção de alimentos:
Mais informações aqui:
É espantosa a maneira como esses conglomerados orientais conseguem se reinventar. A cabeça das pessoas na alta administração desses grupos deve funcionar de maneira completamente diferente da nossa. Muito boa a matéria.
sempre vale lembrar que a Nokia fazia galochas no começo do século passado…
Vixe… A história está cheia desses casos:
Por exemplo, o primeiro produto da Casio foi uma piteira na forma de anel (yubiwa pipe) o que permitia que os fumantes japoneses do pós guerra pudessem fumar seus preciosos cigarros até o talo sem queimar os dedos e o anel permitia que as pessoas pudessem trabalhar sem deixar a bituca cair.
Esse produto foi um tremendo sucesso e os lucros das vendas ajudaram a Casio a financiar o desenvolvimento da sua primeira máquina de calcular. Fora isso, a idéia de que um relógio digital nada mais é do que um acumulador que soma +1 a cada segundo, inspirou a empresa a criar o seu G-Shock!
Ah sim, a primeira câmera digital realmente bem sucedida — a QV-10 — também foi desenvolvida pela Casio.
Se não estou enganado, a Yamaha começou como fabrica de instrumentos musicais (daí o seu logo na forma de três diapasões entrelaçados) mas seu domínio na manufatura em metal fez com que eles começassem a fabricar motos durante a 2a guerra.
Resumindo: quando a água bate na b*nda o pessoal de vira nos 30 para não morrer afogado!