Com Nokia 2.3, modelo básico, marca volta ao Brasil
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Com Nokia 2.3, modelo básico, marca volta ao Brasil

A HMD Global lança hoje seu primeiro smartphone com a marca Nokia no Brasil: é o modelo de entrada Nokia 2.3 que, por enquanto, será vendido apenas online.

Nokia 2.3

Nokia: longa história curta

A Nokia foi, até o final da primeira década dos anos 2000, líder global no mercado de telefones. Mas, com uma visão míope de tentar transformar computadores em celulares, foi atropelada pela chegada do iPhone em 2007 e do Android em 2008, que transformaram celulares em computadores portáteis.

A “plataforma pegando fogo“, o histórico memorando do então CEO Stephen Elop, entrou para a história das decisões corporativas mais erradas de todos os tempos. A empresa então apostou no Windows Phone como “terceira via” dos sistemas operacionais e sua unidade de smartphones acabou sendo comprada pela Microsoft em 2013, onde definhou (até chegou a lançar um smartphone com Android, o Nokia X) e começou a ser jogada para escanteio (trocou a marca Nokia por Lumia em 2014).

Em 2016, a HMD Global – fundada por ex-funcionários da Nokia original – comprou a unidade de feature phones da Microsoft, licenciando a marca até 2024. O primeiro aparelho com Android (Nokia 6) veio em janeiro de 2017.

Agora a marca chega ao Brasil, mas vale lembrar que a “Nokia original” se manteve como fabricante de infraestrutura de redes (sendo uma das principais fornecedoras para redes 5G), incluindo sua operação no país.

Em 2017, o Windows Phone saiu de linha, se juntando a outros sistemas operacionais de smartphone que não deram certo – Symbian, Palm OS, Blackberry OS. É um exemplo recente e vivo de que a expansão e popularidade do aparelhos com iOS/Android torna muito difícil para um terceiro concorrente tentar vencer.

A Huawei, banida dos serviços do Google para Android, que o diga.

Desafios

A HMD Global entendeu que, para relançar a Nokia, precisava manter um histórico de design e inovação, ao menos. Acredito que isso se cumpriu em diversos aparelhos lançados no exterior (como o Nokia 9 Pureview, herdeiro distante do Nokia 808 Pureview) e com uma estratégia de negócios baseada em hardware com configurações decentes e preços razoáveis.

No Brasil, a “nova Nokia” tem como principais concorrentes as líderes Samsung e Motorola e um embolado de demais marcas na sequência, com um bônus que não existia na época da “velha Nokia”: importação direta (nem sempre legalizada) da China, com preços muito abaixo do praticado por aqui (por simples e pura sonegação de impostos).

E relançar uma marca aqui não depende apenas de nostalgia. Tem que ter preço decente – o Nokia 2.3 tem -, uma estratégia de marketing agressiva, política clara de atualização (idem) e, bem, parabéns por lançar um smartphone no Brasil caótico de 2020, com pandemia de Coronavírus e instabilidade político-econômica em Brasília.

Nesse último ponto, a HMD não está sozinha – nesta semana a Philco anuncia um modelo de entrada também, o Philco Hit. Apostar em modelos mais baratos é uma alternativa interessante em momentos de crise para mais de uma fabricante, pelo visto.

A conferir se a HMD/Nokia Brasil será uma Xiaomi-fase Hugo Barra (que fez barulho, não entendeu nada do que acontecia por aqui e foi embora com menos de um ano de operação em 2016) ou uma Xiaomi-fase DL Eletrônicos (que vem aos poucos ganhando espaço e lançando muitos produtos de forma planejada desde 2019).

Ainda é cedo para dizer, mas a parceria com a Multilaser, velha conhecida de acessórios e eletrônicos e com um enorme conhecimento do varejo brasileiro, dá alguma esperança de que podem estar no caminho certo.

Entrevista: HMD Global

Antes do lançamento do Nokia 2.3, mandei algumas perguntas por e-mail para a HMD Global. As respostas vieram de Junior Favaro, diretor de marketing e vendas da HMD Global no Brasil.

A HMD chega em um momento de incerteza no mercado brasileiro, por conta do Coronavírus e da instabilidade econômica. O que a empresa tem em mente para ter um lançamento bem-sucedido e sem problemas a médio prazo?
Estamos planejando cuidadosamente nossa chegada ao Brasil há um tempo. Este é um mercado estratégico para a HMD e, mesmo em meio à situação que estamos enfrentando, fizemos grandes esforços para disponibilizar o nosso primeiro smartphone Android no país o mais rápido possível para nossos fãs que esperavam pacientemente por isso.

Estamos mais comprometidos do que nunca em oferecer as melhores experiências de tecnologia para nossos clientes – incluindo smartphones acessíveis e de alta qualidade – para garantir que eles possam permanecer conectados aos entes queridos.
 
Qual o principal canal de distribuição dos produtos Nokia no Brasil?
O Nokia 2.3 estará disponível online a partir de hoje (3 de maio) nos sites Pernambucanas.com.br, Americanas.com, Submarino.com e Shoptime.com nas cores verde, dourado e cinza, por R$ 899. Hoje, dentro do contexto em que vivemos em todo o mundo, o comércio eletrônico se tornou crucial para todos os setores de B2C. Queremos ter a experiência de smartphones Nokia para o maior número possível de brasileiros.
 
Qual a importância da parceria com a Multilaser para o lançamento?
A Multilaser é o nosso parceiro local para ajudar a trazer telefones Nokia para o Brasil. Contamos com seu profundo conhecimento do mercado e relações comerciais bem estabelecidas com os principais clientes para oferecer nossos produtos aos consumidores.
 
Qual a estratégia de marketing para anunciar a volta da Nokia ao Brasil?
Hoje, estamos focados na chegada do Nokia 2.3 no mercado brasileiro. É o primeiro passo de uma emocionante jornada que estamos iniciando no Brasil.
 
Qual o market share dos sonhos para a Nokia no Brasil em 1 ano?
O Brasil é um mercado estratégico com enorme potencial para nós, e o único mercado importante que ainda precisamos entrar nas Américas. Estamos mudando o paradigma da indústria, oferecendo telefones que realmente continuam melhorando com o tempo, graças à nossa proposta exclusiva para Android, que nos permite oferecer três anos de atualizações de segurança mensais e duas atualizações do sistema operacional. Isso é único no setor, especialmente em dispositivos de nível básico e intermediário.

Nokia 2.3: especificações

O Nokia 2.3 é um aparelho de entrada, com configurações básicas. A Nokia promete uma experiência de software otimizada, então o hardware “básico” pode ser interessante pelo preço sugerido do produto: R$ 899.

O smartphone está disponível nas cores verde, dourado e cinza e está à venda direto no site da Nokia e nos principais varejista (Americanas, Submarino, Shoptime e Pernambucanas).

  • sistema operacional: Android 10 (vem com o Android 9 instalado e atualiza para a versão 10)
  • chipset MediaTek Helio A22 | Quad-core (4x A53 2.0GHz) 
  • 2 GB de RAM
  • 32 GB de armazenamento interno. Slot para cartão microSD de até 400GB.
  • Tela de 6,2″ HD+ (1520×720)
  • Câmera traseira: 13 megapixels, f/2.2 + sensor de profundidade de 2 megapixel, flash LED
  • Câmera frontal: 5 megapixels, f/2.4
  • Conectividade/sensores: Wi-Fi 802.11 b/g/n | Bluetooth 5.0 | GPS/AGPS+GLONASS+Beidou | sensor de luz ambiente | sensor de proximidade | acelerômetro.
  • Bateria: 4.000 mAh, recarregável com cabo microUSB
  • Entrada para fone de ouvido padrão 3,5 mm.
  • Dimensões: 157,69 x 75,41 x 8,68 mm, 183 gramas
Escrito por
Henrique Martin
7 comentários
  • Acho que a Motorola vai ser a empresa mais diretamente atacada por essa investida da Nokia, pois o posicionamento dos aparelhos de ambas é bem parecido

  • Queria ver trazerem o 2727 flip mas não boto fé. Seria interessante pra explorar o nicho nostalgia-idosos-gente que precisa apenas de um telefone que fala, ainda mais que ele tem VoLTE.

  • se a bateria durar “1 ano” como os antigos e poder cair do alto de um predio e continuar funcionando, boto fé !

    tirando a brincadeira, Nokia sempre foi pau para toda obra no passado. Espero que volte a ser líder.