Ainda em Shanghai: zen e a pirataria
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Ainda em Shanghai: zen e a pirataria

Hi Tech Zen, originally uploaded by henrique martin.

Só numa cidade doida que nem essa pra ver um monge budista mexendo num celular/handheld. Será que tem wireless no templo do Buda de Jade? O amigo EduF diz que, sim, os monges são geeks e gostam de Apple.

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Hoje no fim da tarde, seguindo indicação dos hermanos latinos, fui até o que o pessoal chama de “Fake Shop”. É um prédio comercial que, por fora, nada indica que lá dentro tem um mundo de produtos falsificados (diferente dos nossos promocenters, que têm muito contrabando e… falsificação). Pra explicar melhor: em Shanghai, nas ruas mais turí­sticas, os caras ficam na rua oferecendo DVD-ROLEX-BAGS-SHOES (í  noite oferecem MASSAGE-LADIES também). O tal prédio é meio que uma central disso tudo, e teoricamente mais barato. Tem entrada por dois quarteirões distintos e quatro andares de puro lixo falsificado.

Bem, peguei o táxi com dois colegas brasileiros. Por fora, um restaurante aparentemente chique e uma loja de pérolas (mmm, sei). Ao entrar – nem arrisquei em tirar fotos – um corredor enorme de pequenas lojas, a maioria sem vitrine. E um mundo de vendedores ávidos para pular nos nossos pescoços. Um deles passa com um envelope com algo que se parece com o Homem Aranha 3. O colega brasileiro tira foto de uma vitrine. O vendedor sai e diz “money for photo”. Ops, é melhor não fotografar mesmo pra não arrumar confusão.

Muita camiseta, camisa falsa (Abercrombie & Fitch, QuickSilver, Lacoste), gravatas. Sapatos. Até que avisto uma vitrine com… iPods. Nem Steve Jobs já pensou num iPod shuffle preto. Ou em um iPod que nao lembra nada os iPods existentes. Ou um iPod nano que, bem, não é o nano se olhar de perto. Perguntamos pra vendedora: quanto? Ela digita na calculadora: 300 yuans (1 dólar=7,7 yuans). Aí­ você tem que digitar seu preço. Ela vai baixando até 200. Não, obrigado. E ela tenta baixar mais. Socorro! E ainda tem a cara de pau de dizer que é original.

Uma loja vende DVDs. Curiosamente, tem uma caixa com a primeira temporada de Heroes, que não acabou ainda, assim como a terceira de Grey’s Anatomy. Tem algo errado por aqui.

O andar de cima é mais especializado em outras falsidades. Mais camisas. Mais pérolas. Jóias (Tiffany, grita a chinesa). E, olha só, essas marcas eu conheço. São malas da Samsonite, da Tumi (uma original é carésima) e de outra sem marca logo ali, bem baratinhas. O hermano que nos indicou o Fake Shop disse que as malas são lindas por fora e toscas por dentro. E a uns 200 metros de lá tem uma loja oficial da… Samsonite!

E mais uma que vende jaquetas (Dolce&Gabbanna, alguém se habilita) “originais” e, ao mesmo tempo, jogos para Xbox 360, Xbox, PlayStation 2. O vendedor oferece Grand Theft Auto por 50 yuans. Tá caro, tá caro. Vai baixando. Conforme você mostra sinais de que vai sair da loja, o preço cai mais e mais.

Saí­mos da loja. O vendedor fica ofendidí­ssimo que não compramos nada. Corre atrás – enquanto lidamos com o assédio de outros vendedores – e baixa pra 25 yuans. Não vai dar. É melhor ir embora, o clima está pesado. E voltamos a pé pro hotel, que era pertinho e nem precisava ter gasto 11 yuans pra ir até lá.

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O blog agora aproveita Shanghai por mais uns dias e volta na segunda, com novidades. Até mais!

Escrito por
Henrique Martin
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