A volta do Nokia N-Gage
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A volta do Nokia N-Gage

N81 rodando “Asphalt 3: Street Rules”, um dos jogos da plataforma N-GageEu confesso: quando a primeira geração do N-Gage estreeou em 2003, eu estava entre os primeiros a “torcer o nariz” e prever a morte certa para o console, que teve uma vida curta, mas ainda assim durou mais do que muita gente imaginava. Inúmeras falhas de design e jogos ruins, combinados com uma oferta de hardware inflexí­vel selaram o destino do console, que até hoje provoca uma reação negativa na mente de muitos gamers (embora seus poucos fãs sejam fervorosos, isso tenho de admitir).

Mas se você pensava que o N-Gage estava morto e enterrado, ledo engano. Se mostrando uma empresa persistente, a Nokia decidiu dar uma injeção de adrenalina na veia da moribunda marca, que volta ao mercado. Mas desta vez a empresa não só aprendeu com, mas corrigiu a maioria dos erros do passado: o “novo N-Gage” não é um console, é uma mistura de plataforma de desenvolvimento e distribuição de conteúdo (jogos) online, integrando a plataforma Ovi de internet.

Enquanto a geração anterior era restrita a dois aparelhos (o N-Gage original e o N-Gage QD), a nova versão será compatí­vel com uma ampla variedade de aparelhos da Nokia: a longo prazo, basicamente todos os Series 60 3rd Edition, começando pelo Nokia N73 e Nokia N81 no fim deste ano. A geração anterior usava jogos em cartões SD, a nova usará exclusivamente distribuição digital, cercada de DRM para impedir a pirataria, claro. E a Nokia finalmente entendeu que os jogos funcionam melhor com o LCD na horizontal.

O coração do novo N-Gage é o site www.ngage.com (por enquanto só com material de divulgação). O serviço tem um forte aspecto de rede social: o usuário pode criar listas de amigos, desafiar outros jogadores, recomendar jogos, dar notas aos que estão í  venda, divulgar pontuação, trocar itens dentro de um jogo e muito mais. É um conceito bastante similar í  rede XBox Live!, da Microsoft. Todos os jogos disponí­veis no catálogo terão versões de demonstração gratuitas: se você gostar, é só voltar í  loja e comprar. As compras são vinculadas í  sua conta de usuário e não ao seu aparelho.

Portanto, se você apagar um jogo da memória, perder um celular ou trocar de aparelho, pode baixar novamente todos os jogos que já comprou e levá-los com você. Para nós, brasileiros, a melhor notí­cia é que a loja será global: nós também poderemos comprar jogos, basta um cartão de crédito internacional. Haverá lojas locais, com conteúdo e formas de pagamento especializadas, mas elas não serão exclusivas.

A Nokia entende que o controle é o maior problema nos jogos móveis hoje (é impossí­vel jogar um jogo de ação num teclado de celular) e está tomando medidas para resolver o problema. O novo Nokia N81, por exemplo, tem dois botões dedicados para jogos acima do LCD – ou “í  direita da tela”, com o console deitado na posição de jogo – e os jogos serão levados em consideração durante o design de novos aparelhos. Não em todos, claro: não faz sentido colocar um “gamepad” num telefone corporativo, mas é uma idéia bastante atraente em um Music Phone, por exemplo.

Várias empresas já se comprometeram a desenvolver jogos para a nova plataforma. Entre as grandes temos Capcom, Vivendi Games Mobile, EA Mobile e THQ Wireless, além de empresas conhecidas no mercado de games portáteis como Gameloft, GLU, Digital Chocolate, Indiagame e I-Play. O ví­deo promocional do serviço (abaixo) mostrou alguns dos tí­tulos já programados, como Brothers in Arms, Fifa Soccer 08, Asphalt 3: Street Rules e The Sims 2 – Pets. A Nokia também produzirá jogos para a plataforma, como os já anunciados Snakes Subsonic, Space Impact: Kappa Base e “Creatures of the Deep”, um jogo de pesca bastante simpático que será um dos primeiros tí­tulos disponí­veis.

A Nokia irá fornecer uma SDK gratuita para qualquer um que queira desenvolver jogos para a plataforma, com frameworks especializados e desenvolvimento em C++. A distribuição ainda dependerá de validação por parte da Nokia, que irá atuar como “publisher”: a empresa quer firmar a marca N-Gage como sinônimo de qualidade em games portáteis, e analisará cada jogo antes de adicioná-lo ao serviço online.

Em minha opinião, o novo N-Gage tem tudo para dar certo. A Nokia corrigiu as falhas da geração anterior e abraçou com entusiasmo idéias como as redes sociais e distribuição digital, que fazem todo o sentido em um portátil, que é basicamente um dispositivo para comunicação. A compatibilidade com múltiplos aparelhos evita a situação pelo qual o N-Gage original passou, quando muitas pessoas até se interessaram pelo conceito, mas deixaram de comprar o aparelho porque o formato não era “sério” o suficiente, ou porque, especialmente com o passar dos anos, havia outros aparelhos da Nokia que apesar de não ter os jogos tinham outros recursos mais interessantes,como câmeras e Wi-Fi. Se a Nokia conseguir montar um portfolio de jogos atraentes a preço acessí­vel, o sucesso é garantido.

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