Ceatec: Quanto vale uma TV de plasma?
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Ceatec: Quanto vale uma TV de plasma?

Plasma na Ceatec: central de entretenimento

Responda rápido: quantas TVs de plasma de 103 polegadas você acha que são fabricadas por mês em todo o mundo? Bem, só pela Panasonic são entre 500 e 600, entregues a compradores de Dubai a Las Vegas, de Bill Gates a Tiger Woods.

A pergunta tem lógica. Ao visitar a Ceatec e, principalmente, uma das fábricas dos painéis de plasma da Panasonic perto de Osaka, dá pra ter uma idéia finalmente de que a TV de tubo vai morrer rápido e o plasma e o LCD vão conviver amigavelmente por muito tempo.

Alguns outros números rápidos da Panasonic (não tenho fotos, infelizmente, da fábrica por dentro):

  • em 2006, a demanda mundial por TVs foi de 164 milhões de aparelhos. 29% deles eram telas planas (mais ou menos 48 milhões).
  • em 2007, a demanda aumenta para 172 milhões – 68 milhões planos (38%)
  • em 2010, 200 milhões total e 130 milhões tela plana (65%).

Na prática, isso quer dizer que, mais cedo ou mais tarde, sua TV de tubo vai para a aposentadoria (no Japão, 91% do mercado já é de telas planas). A produção aumenta junto com o número de fábricas. A planta de Amasagaki, que visitei hoje, tem duas unidades de produção dos painéis de plasma (PDPs, em inglês). Depois de prontos, eles vão para as unidades fabris espalhadas por diversos paí­ses (Brasil, em Manaus, estão entre eles), e viram televisores de tela plana. O crescimento da tecnologia nas fábricas é assustador.

A primeira unidade produtora de PDP, em Ibaraki (entre Osaka e Kyoto), consegue fabricar 30 mil unidades por mês. A segunda, também em Ibaraki, já faz 100 mil.

A terceira, em Amagasaki, já está na casa das 285 mil telas/mês (parâmetro é a tela de 42 polegadas). Em junho deste ano, a quarta planta entrou em funcionamento produzindo 500 mil PDPs ao mês. No total, dá quase 1 milhão de telas mensalmente.

Parece muito, mas para atender a demanda, no que dá a entender pela Panasonic, é pouco. Ali ao lado vai surgir uma fábrica 5, programada para estrear em maio de 2009 pronta para 1 milhão de telas ao mês. 90% da produção fica com a Panasonic, 10% vão para outras empresas em regime de OEM. A propósito, Samsung, LG, Hitachi e Pioneer também fabricam PDPs pelo mundo.

A grande questão é que, tanto para a Panasonic quanto para a concorrência, não vale a pena investir apenas na TV Full-HD de 42, 50, 65 ou 103 polegadas. Um mundo de conectividade aos poucos começa a aparecer. Vou citar aqui o exemplo da Panasonic porque é o que consegui acompanhar melhor (e em inglês) na Ceatec.

Uma TV nova da linha Viera pode ser uma TV. Mas pode mostrar fotos das câmeras Lumix (vendidas como “Full HD”). Se conectar direto a uma câmera também Full HD e mostrar ví­deos. Até aí­, nada de novo. O bacana é que existem tecnologias prontas (acho que ficam só no Japão mesmo) para interligar um sistema de vigilância doméstico (checar portas e janelas abertas, ver quem tocou a campainha na TV e gravar em alta qualidade no disco rí­gido do aparelho), acessar conteúdo online ou até gerenciar sua vida esportiva com uma TV dessas. As concorrentes vão no mesmo caminho, com certeza.

Curioso que, mesmo fazendo plasma e LCD, a Panasonic parece não se importar muito com as novidades mais quentes de seus principais inimigos, como a Sony. Tela ultrafina na TV? Por enquanto não. Estamos estudando o mercado e tentando entender o que vamos fazer – esse é o recado.

Vendo esses números todos, as novas tecnologias integradas e um crescente aumento na produção, só falta uma coisa, e isso só o tempo (desculpe o chavão) vai responder: a queda nos preços. Aí­ sim a TV de plasma (ou não) vai poder ser realmente uma alternativa para se tornar a central de entretenimento e mí­dia da casa.

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Ah, como é a fábrica por dentro? Quase igual a qualquer outra. Tem partes parecidas com uma indústria de semicondutores, com salas isoladas e gente trabalhando de máscara, protegidos atrás de janelas com filtro ultravioleta. Depois, é como qualquer outra fábrica de tecnologia: robôs montando e parafusando peças e seres humanos (poucos) dando o retoque final.

Escrito por
Henrique Martin